“Este festival representa a alma de Portugal.” As mensagens da organização espalhadas ao longo do recinto são claras – “a Ivete Sangalo não está” –, mas há festivaleiros que insistem que o “verdadeiro” Rock in Rio é em Briteiros, uma pequena freguesia de Guimarães com menos de 1700 habitantes. Outros sugerem que o evento de Lisboa é que devia mudar o nome para “Pop in Rio”. Reportagem no fenómeno que quase foi um “mini Woodstock” e que “vai ser um ‘case study’ durante muitos anos”
“Ainda vou encontrar a Ivete no WC”, diz um festivaleiro mais incauto, depois de ter aberto a porta de uma casa de banho ocupada. Não vale a pena procurar. “A Ivete Sangalo não está”, avisam várias mensagens colocadas pela organização ao longo do recinto montado no Parque Fluvial de Briteiros, uma pequena freguesia do concelho de Guimarães, cuja população, cheia de orgulho, ajudou a fazer acontecer o ‘Festival de Rock que acontece perto do Rio Febras’, mais conhecido por Rock in Rio Febras, como se chamava até há três semanas.
No ano passado, quando se realizou a primeira edição, eram esperadas 400 pessoas e apareceram 1500. Esse foi o primeiro bom problema, mas outro maior, inimaginavelmente maior, acabaria por colocar Briteiros nas bocas do mundo, atraindo público do País de Gales, do Senegal e até mesmo uma delegação do Cazaquistão.
Cerca de quatro mil pessoas fizeram questão de marcar presença, este sábado, no festival que começava às 16h e prometia durar “até chegar a GNR”. O motivo do sucesso inesperado e meteórico é simples: toda a gente adora uma boa história, toda a gente quis dar mais força para David vencer Golias. O evento que “não quer ser de massas e de marcas” é o postal de uma cultura nacional, mais genuína, que não aparece nos guias turísticos. Ali há febras, rojões e rock n’ roll. Ali há Portugal a olhar-se ao espelho e a gostar de se ver.